Ao longo da história do Brasil, diferentes governos e regimes políticos impuseram restrições a diversas obras cinematográficas. Seja por questões ideológicas, morais ou políticas, muitos filmes foram banidos ou passaram pela censura oficial. Confira abaixo uma lista de 10 produções que sofreram essas limitações em território brasileiro.
O Grande Ditador (1940)
Durante o governo de Getúlio Vargas, especificamente sob a supervisão do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), esta obra-prima de Charles Chaplin foi proibida no Brasil. O motivo? Foi considerada “subversiva” e acusada de difamar as Forças Armadas. Apenas em 1945, após o fim do Estado Novo, a proibição foi revogada.
Rio, 40 Graus (1955)
Este clássico de Nelson Pereira dos Santos foi alvo de censura durante a chamada República Populista. O coronel Geraldo de Menezes Cortes, então chefe da Segurança Pública, afirmou que o filme continha “propaganda comunista”. Além disso, ele criticou a exposição de aspectos negativos do Rio de Janeiro, chegando a questionar se a cidade realmente já havia registrado temperaturas tão altas quanto as mencionadas no título.
Terra em Transe (1967)
Dirigido por Glauber Rocha, este filme é hoje reconhecido como um marco do Cinema Novo. No entanto, na época de seu lançamento, foi banido por conter críticas à Igreja Católica. Para ser liberado, foi necessário alterar o nome do personagem interpretado por Jofre Soares, que passou a ser chamado de Padre Gil.
Laranja Mecânica (1971)
O icônico filme de Stanley Kubrick foi vetado no Brasil por sua violência explícita e cenas consideradas promíscuas. Em 1978, uma versão editada finalmente foi disponibilizada, com partes das genitais dos atores cobertas digitalmente.
O Último Tango em Paris (1972)
Estrelado por Marlon Brando e Maria Schneider, este polêmico drama ficou sete anos banido no país. As autoridades justificaram a decisão afirmando que o conteúdo sexual explícito “atentava contra os bons costumes”. Só em 1979 o filme pôde ser exibido no Brasil.
Emmanuelle (1974)
Antes de se tornar um fenômeno global, este clássico francês foi proibido no Brasil durante o período mais repressivo da ditadura militar. A justificativa oficial foi o teor sexual explícito, considerado obsceno pelas autoridades da época. Ele só estreou no país em 1980.
Cabra Marcado para Morrer (1984)
Um dos documentários mais importantes de Eduardo Coutinho, esta obra foi acusada de ser um “manifesto comunista”. O filme narra a trajetória de João Pedro Teixeira, líder sindical assassinado em 1962. Apesar da proibição inicial, foi liberado no mesmo ano.
Muito Além do Cidadão Kane (1993)
Produzido por um canal britânico, este documentário investigativo aborda as relações entre a Rede Globo e o poder político no Brasil. Por meio de uma ação judicial movida por Roberto Marinho, o filme foi proibido no país. Ele só ganhou popularidade no início dos anos 2000, quando começou a circular livremente na internet.
A Serbian Film (2011)
Este polêmico filme sérvio foi banido no Brasil por ser acusado de fazer “apologia à pornografia infantil”. Durante festivais no país, cópias do longa chegaram a ser apreendidas sob ordem da Caixa Econômica Federal, que era patrocinadora dos eventos. No entanto, a proibição foi suspensa no ano seguinte.
Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola (2022)
Baseado em um livro homônimo, o filme foi alvo de uma decisão controversa do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que o acusou de fazer apologia à pedofilia. Uma ordem publicada no Diário Oficial da União determinou sua retirada de plataformas de streaming. Contudo, as empresas responsáveis ignoraram a decisão, alegando que se tratava de censura.
Esses exemplos mostram como a censura cinematográfica no Brasil refletiu diferentes momentos históricos e debates culturais. Mesmo com a democratização, algumas discussões sobre liberdade de expressão continuam relevantes até hoje.